São quase oitenta anos. Quarta parte destes,
tive a satisfação de passar lado dela. Copa do Mundo de 1998, Brasil e Holanda,
semifinais. Na decisão por pênaltis, nos escondemos atrás do sofá e apenas
ouvimos Galvão Bueno entonar um “Sai que suuuuuuua, Taffarel”, no melhor jogo
daquele torneio. Lembro da sincera relação de amor e ódio dela pelo Rivaldo. Se
errasse, era um debilóide. Ao fazer um gol, tinha seu rosto beijado na tela da
Phillips 29”, lançamento da época. Montamos nosso campinho de futebol em um
corredor de um metro e meio por uns cinco ou seis. Me sentia no Estádio
Olímpico até que, num canhotaço, quebrei uma das canecas de chopp que decoravam
o costado da janela. Foi o último futebol no corredor.
Teve a
vez que eu comprei flores em comemoração a seu aniversário, e ela me fez voltar
na porta por diversas vezes, até tirar uma foto do momento. Acertou, porque
acho que nunca mais dei flores. A Miss Alegrete mais carioca que já existiu, é
formada em biblioteconomia e torce pro Fluminense. Eu adorava contar isso,
embora até hoje não saiba exatamente o que uma biblioteconomista faz. Cinco
filhos. Gêmeos, gêmeas, e o do meio(que por sinal é meu pai). Uma vez me
contaram que ela tinha ovulação dupla, e assim o do meio teria perdido seu
companheiro. Pode ser. Nos últimos anos, tornou-se referência familiar em
política nacional. Nas imagens da TV Senado, desfila pelo Congresso a elegância
da miss com a inteligência da biblioteconomista(:D). Alimenta um amor platônico
por Arthur Virgílio, talvez o maior opositor que Lula já teve em Brasília e prefeito
eleito de Manaus, ao ponto de assistir ao horário eleitoral manauara, sem
falhar, e levar à mesa do almoço grandes discussões sobre qual seria o futuro
de Manaus nas mãos de Vanessa Grazziotin. Uma vez por mês, médico em Porto
Alegre. Tenho pra mim que o ar da cidade grande, o shopping e o café com as
amigas a renovem muito mais do que qualquer consulta com o Dr Nelson Roithmann.
A voz rouca, talvez da época dos maços de Free vermelho, normalmente acerta na
terceira chance. Sempre atendi os chamados de “Érico, Jê, Ju”. Legal é ouvir
que a “Stellena” vai chegar no feriado. É sinal de casa cheia, apesar de não
saber exatamente se é a Stella ou a Helena.
Marlene de Assis Brasil, ou Marlene da Silveira Corrêa Pires.
Os nomes são dois, a vó uma. E neste mês de novembro, comemora 79 anos. Daqui
de São Borja, teu neto mais velho te deseja os mais felizes e sinceros
parabéns, e um feliz aniversário. Semana que vem estaremos juntos. Um grande
beijo!
Juliano Medeiros de Assis Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário